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O chamado de Paulo - Ana Paula

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O chamado de Paulo

Dentre as muitas histórias vocacionais que encontramos nos relatos bíblicos, um dos mais belos e radicais exemplos foi o chamado de Paulo.

Saulo, como era conhecido, era um judeu proveniente da região de Tarso, descendente da tribo de Benjamim e também cidadão romano por aquisição deste título, muito arraigado aos ensinamentos de sua religião, tinha um zelo especial pela Lei de Moisés, a qual observava com muito rigor e fora educado desde jovem pelos maiores doutores da Lei daquele tempo em Jerusalém.

Tudo isto fazia de Saulo um fariseu, que era um título concedido àqueles frequentadores do Templo que se distinguiam dos demais por praticar os ensinamentos mosaicos de forma estrita e formal, mas que acabavam por observar a Lei somente pelo ponto de vista mundano, esquecendo-se do verdadeiro significado que Deus desejava revelar quando inspirou Moisés a escrevê-la.

E, por tanto ansiar cumprir os ensinamentos judaicos somente pela força da Lei e não pelo Espírito de Deus, Saulo se tornou um dos maiores perseguidores dos cristãos daquele tempo, participando, inclusive, da morte por apedrejamento do primeiro mártir da Igreja, o diácono Estêvão, por volta do ano 36, e “... só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. ” (At 9,1), assim, solicitou ao príncipe dos sacerdotes autorização para ir à Damasco, a fim de perseguir e prender todos os seguidores de Cristo daquela região.

Porém, naquela estrada para Damasco, ele acabaria tendo o seu primeiro encontro real com o Senhor, ao ser cercado por aquela luz resplandecente descida dos céus, que o cegou momentaneamente para as coisas do mundo, a fim de fazê-lo ouvir sem distrações aquela voz imperiosa que revelava o Filho de Deus, Jesus o chamou para sua verdadeira vocação, pois, por mais que já tentasse seguir a vontade do Senhor em sua vida, o fazia de maneira equivocada, porque não era por meio do judaísmo que Deus o havia eleito para servi-Lo, e somente através daquele chamado,  Saulo encontrou a real finalidade para a qual havia sido criado, a partir de então,  a fim de servir a Cristo de forma plena e sem máculas.

Assim, a vocação é a perfeita junção, em primeiro lugar, de Deus que chama livremente aqueles que Ele quer e, em segundo lugar, da livre resposta do homem a este chamado, por meio de um profundo e íntimo desejo que tudo supera para atender a esta voz que chama a cada um de forma particular pelo nome, a fim de realizar inteiramente a vontade do Senhor.

No caso de Saulo, Deus o chamou de modo tão forte e radical, que, após três dias de oração e jejum  e do choque inicial do primeiro encontro verdadeiro com o Ressuscitado que passou pela Cruz, ele viu-se curado de sua cegueira física e espiritual, caindo “umas como escamas de seus olhos”(At 9, 18), foi capaz de enxergar o sentido de sua vida e deixou tudo para servir a Cristo, inclusive mudando o próprio nome para Paulo, foi batizado, passou por um período de preparação e contemplação no deserto e então iniciou seu ministério de evangelização imediatamente, causando grande surpresa àqueles que o conheciam como o grande perseguidor dos Cristãos.

Testemunhou Cristo com sua própria vida, a qual havia conformado de tal modo à vida de Jesus, que dizia: “Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 19-20), tornou-se “apóstolo de Jesus Cristo por chamamento e vontade de Deus” (I Cor 1,1), de fato, transformou-se em instrumento  escolhido e levou o Nome de Deus diante de muitas nações, consumindo-se até o fim em seu anúncio missionário do Evangelho até os confins do mundo, quando, em Roma, entregou-se ao martírio e à morte em nome de seu amor apaixonado pelo Senhor, pelo qual ficou conhecido como apóstolo de “fogo”, tornando-se uma das colunas de sustentação da Igreja primitiva, ao lado de São Pedro, terminando seus dias dizendo: “Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé” (1Tm 4,7).  

São Paulo permanece até hoje como grande exemplo de resposta incondicional ao chamado de Deus, para que nós também possamos, inspirados nesta eleição arrebatadora, desconcertante e irresistível do Senhor, sermos seus imitadores, reconhecendo que, em comparação a este bem supremo, que é o conhecimento de Jesus Cristo, tudo mais perde a importância e que, diante deste chamado de Deus, nada mais nos resta, a não ser, cheios de gratidão e com o coração inflamado por este amor imensurável, acolher e vivenciar em nosso dia a dia esta maravilhosa vocação que Cristo nos chama a viver com parresia, coragem, renúncia e disposição, dizendo, por fim, com a alegria peculiar aos filhos amados de Deus: “Obrigada, Senhor, por me teres escolhido!”    

Por intercessão de São Paulo, que Deus te abençoe e Nossa Senhora te guarde.

Ana Paula

Pedro e o Verdadeiro Arrependimento - Ana Paula


Pedro e o Verdadeiro Arrependimento

Durante nossa caminhada rumo à santidade, por vezes caímos em pecado e sentimos um profundo arrependimento, desejando de todo coração o perdão para nossa culpa.

Porem, devemos saber que existem três formas de arrependimento: o moral, que é aquele que me faz sofrer porque, por arrogância, me decepciono comigo mesma por ter errado, pois desejo ser sempre perfeita; o acusador, que é o arrependimento que gera a culpa, sentindo a obrigação de punir-me, pensando que assim agradarei a Deus e apagarei meu erro; e o arrependimento verdadeiro ou perfeito, que é a única forma por meio da qual sinto tristeza ao pecar não por mim mesma, mas porque sei que assim magoei a Deus.

Durante a prisão de Jesus, Pedro sucumbiu ao medo e negou-O por três vezes, todavia, “voltando-se o Senhor, olhou para Pedro” e este “saiu dali e chorou amargamente.”(conf. Lc 22, 61a e 62).

Podemos observar que Pedro, ao fixar seu olhar em Cristo, sentiu uma profunda amargura e arrependeu-se não por si próprio, mas por amor ao homem que iria entregar a vida livremente ao martírio e morte em expiação dos pecados do mundo inteiro.

Cada vez que pecamos, é como se estivéssemos novamente entregando Jesus à Paixão, cada pecado é como uma lança que transpassa o coração de Cristo, como um novo prego penetrando nas mãos daquele que mais nos amou, pois deu sua vida por nós.

O arrependimento verdadeiro é o único que realmente leva à vontade de não mais pecar, ou seja, a perfeita contrição, pois é através dele que retiro-me do centro, dando lugar a Jesus e, fixando meu olhar nEle, inflamo o desejo no meu coração de seguir uma vida santa não por mim, mas por amor e gratidão a Cristo.

Após a ressurreição, Jesus ainda concede a Pedro uma perfeita confissão e este entrega-se totalmente ao dizer: “Senhor tu sabes tudo. Tu sabes que eu te amo.” (Jo.21,17).

E assim também nós devemos agir, sempre buscando a santidade e, por consequência, o desejo de não mais pecar, porem, se erramos, busquemos o arrependimento perfeito e a confissão imediata, tudo por amor a Cristo, sempre por gratidão ao nosso Rei e Salvador.

Deus te abençoe e Nossa Senhora te guarde.

Ana Paula Gomes.

SANTA MARIA MADALENA - A mulher que muito amou

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A mulher que muito amou

Durante seu ministério, Jesus realizou inúmeras curas físicas, espirituais, libertações e, através Dele, muitos puderam experimentar a graça divina e, dentre estas pessoas, encontrava-se Maria de Magdala, uma pecadora pública que vivia entregue às concupiscências da carne, que corrompiam por completo seu corpo e espírito.

Porem, um dia esta mulher devastada pelo pecado, que era desprezada por toda a sociedade, teve sua vida profundamente tocada por Cristo, em um encontro real e pessoal com o amor e misericórdia sem fim.

Jesus realizou em Maria uma obra completa, pois, não somente curou-a moral e espiritualmente, livrando-a de sete demônios e libertando-a da cadeia na qual o pecado lhe aprisionara, mas também, mais importante que isto, através de seu Amor Esponsal, reordenou por inteiro a vida desta mulher, que passaria a ser a sua mais fiel seguidora e discípula.

Ao abandonar-se livremente aos pés do Mestre, lavando-os com suas lágrimas e enxugando-os com seus cabelos, Maria humildemente declarou ao mundo seu total e perfeito arrependimento, reconhecendo Jesus como o Senhor de sua vida, pôde experimentar esta profunda experiência com a misericórdia divina, que, quanto mais ama, mais perdoa, não importando o tamanho do pecado, mas o desejo sincero de regeneração, de seguir uma vida de santidade, não por si mesmo, mas por gratidão e amor a Deus.

A conversão de Madalena é a total correspondência ao Amor Esponsal, pois, tendo o coração inflamado deste amor apaixonado, urgente, que tudo deixa para seguir o Amado, alcançou a mudança definitiva, deixando a vida velha para trás, no intuito de continuar servindo ao seu Rabôni, contemplando-o, escutando seus ensinamentos, ungindo-o com óleos e perfumes, estreitando sua amizade e intimidade com Cristo, sempre aos seus pés, aos pés de sua cruz e, finalmente, aos pés do Ressuscitado.

Também nos importa saber que muito se tem especulado sobre o relacionamento que Jesus e Madalena tiveram, teses e mais teses maldosas e mirabolantes teimam em querer fantasiar e deturpar esta linda amizade e intimidade entre o Salvador do mundo e a pecadora arrependida, em uma visão contaminada da realidade imaculada vivida por Maria e Cristo, muitos desejam encontrar sentimentos puramente mundanos e carnais nesta relação sobre-humana de amor, chegando ao cúmulo de falsamente afirmar que os dois casaram-se e geraram um herdeiro, que teria perpetuado secretamente a descendência de Cristo na terra até os dias de hoje, o que é uma tremenda heresia.

É preciso esclarecer que Jesus é o "Esposo que espera ansioso pelas almas esposas escolhidas pelo Pai, para, seguindo-O incondicionalmente, dar continuidade à sua 'descendência', para formar o povo de Deus enraizado na oração profunda"(Escritos;Amor Esponsal, 05), sendo esta referida 'descendência' de cunho espiritual, relacionada ao seguimento de seus ensinamentos, assim, Jesus é o Esposo da Igreja e o Esposo das almas de todos aqueles que, participando da Igreja Militante de Cristo (Igreja deste mundo) consomem sua vida em fazer sua vontade por inteiro, fazendo-se anunciadores de suas Palavras de vida eterna, aguardando ansiosos pelo dia no qual festejaremos as Bodas do Cordeiro de Deus, ao alcançarmos a graça de ingressar na Igreja Triunfante do Pai, que é o Céu.

Cristo desposou toda a humanidade através da morte de cruz, unindo-se a cada um esponsalmente, definitivamente, ofertando a sua vida como só um Esposo é capaz de entregar por sua Esposa amada, assim, Madalena é também alma esposa de Cristo, porque entregou-se por completo ao serviço e adoração a Jesus, em um perfeito Amor Esponsal e espiritual e não simplesmente um amor eros, mundano, carnal e imperfeito, um amor divino que transcende o entendimento humano, este mesmo amor que cada cristão é chamado a vivenciar pela escolha de Cristo de nos fazer a todos suas almas esposas, quer sejamos leigos, consagrados, casados, celibatários, homens, mulheres, jovens e velhos, todos somos chamados para este fim.

Esta é a experiência que Jesus nos chama hoje a viver: como Maria Madalena, tornar-nos almas esposas do Esposo, humildemente mergulhar por inteiro em sua misericórdia, tudo ofertar ao Amado, embora este tudo sejam apenas lágrimas de arrependimento e dor por ter traído, através do pecado, a este Amor. Através do Espírito Santo, deixar-se seduzir por este Amor Esponsal que nos impulsiona a consumir nossa própria vida pelo Ressuscitado que passou pela cruz, Esposo amado da Igreja, caminho único para a vida eterna na glória de Deus Pai.

Maria é exemplo perfeito de que "onde abundou o pecado, superabundou a graça" (Rom 5,20) e foi santa não por nunca ter caído, mas porque, auxiliada pelo Espírito de Deus, levantou-se definitivamente para abraçar a vida de santidade, morrendo para o mundo, renasceu em espírito, a fim de corresponder dignamente ao Amor Esponsal de Jesus, tendo seus pecados perdoados porque, de fato, genuinamente muito amou, renunciou a si mesma para ser testemunha viva, até hoje, das maravilhas que o Senhor tem reservadas para cada um que se abandona aos seus pés, reconhecendo-se fraco, pecador e necessitado de sua infinita misericórdia.

Pela intercessão de Santa Maria Madalena, que Deus te abençoe e Nossa Senhora te guarde.


FONTE; ENVIADA POR NOSSA COLABORADORA ANA PAULA